//SALETE SILVA// União nega ter participação acionária no imóvel do antigo Grande Hotel

Pichações no imóvel do antigo Grande Hotel Serra Negra: ainda mais deteriorado


A Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) negou ter participação acionária no imóvel onde funcionava o Grande Hotel Serra Negra. A assessoria de imprensa do órgão informou que há pelo menos duas décadas a Embratur passou por uma reestruturação jurídica e todos os imóveis de sua propriedade foram transferidos para a União.

"Há pelo menos duas décadas a Embratur modificou sua estrutura jurídica e, em consequência desta decisão, todos os seus imóveis passaram a fazer parte do patrimônio da União. Portanto, a gestão do referido edifício não está sob responsabilidade jurídica desta agência", informou a assessoria de imprensa da Embratur à reportagem do Viva! Serra Negra.

A Secretaria do Patrimônio da União, no entanto, também negou que o imóvel esteja sob sua gestão. A assessoria de imprensa da secretaria  informou que o imóvel de Serra Negra não foi formalmente incorporado ao patrimônio da União nem inserido no processo de mudança do regime jurídico da Embratur.  

"A Secretaria do Patrimônio da União, por meio de sua Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo, esclarece que não possui nenhum ativo cadastrado sob a sua gestão no município de Serra Negra, SP; desconhece e não foi inserida no citado processo de 'mudança do regime jurídico' da Embratur. A SPU informa, ainda, que o referido imóvel não foi formalmente incorporado ao Patrimônio da União (incorporação não ocorreria de forma automática e sem devida formalização legal)", informou a secretaria à reportagem .

E-mail da Secretaria do Patrimônio da União negando ter participação no imóvel


As informações contradizem as afirmações de vereadores, entre os quais Beraldo Cattini, líder do governo na Câmara Municipal, de que a União teria 19% de participação acionária no imóvel do Grande Hotel Serra Negra e a prefeitura 81%, por meio da Senetur (Serra Negra Empresa de Turismo). Isso seria o principal impedimento para se viabilizar projetos de investimentos da prefeitura para o imóvel.

O ex-presidente da Câmara Municipal, César Augusto Borboni, o Ney, no ano passado, também havia atribuído à participação acionária da União na propriedade do imóvel o principal empecilho para investimentos, projetos e venda do prédio. 

As informações sobre os porcentuais de participação da União são divergentes. Ney informou que a Embratur teria participação de cerca de 16% e a prefeitura de Serra Negra 83% ou 84%.

O atual presidente da mesa diretora da Câmara Municipal, Wagner Del Buono, o Waguinho, na última sessão do Legislativo, informou que na gestão anterior do prefeito Sidney Ferraresso chegou a ir até Brasília em companhia de outros vereadores para tentar negociar a transferência da participação acionária da Embratur para a prefeitura. Ele, no entanto, não soube informar exatamente com quem o grupo teria tentado negociar a transferência.

O líder do governo na Câmara informou na última sessão que não havia nenhuma pendência jurídica financeira ou contábil do imóvel e que a prefeitura estava trabalhando para desembaraçar essa pendência com a União para definir projetos, investimentos ou a venda do prédio.

O assunto voltou à tona com força depois que o edifício sofreu duas pichações por um grupo de grafiteiros, que comemoraram o feito em postagem no Instagram. Os vereadores, em especial da oposição, têm cobrado da prefeitura iniciativas para aumentar a segurança no prédio e tentar conter seu acelerado processo de depredação enquanto não há uma decisão sobre qual será o destino do imóvel.

Várias sugestões já foram apresentadas por vereadores e a população. Além do uso do prédio para a instalação de um hospital, descartada por falta de condições da estrutura do imóvel, vereadores sugeriram a criação de um hotel escola e até a transferência da sede da Guarda Civil Municipal para o local.

O Viva! Serra Negra entrou em contato com o assessor especial do Gabinete do Prefeito, Vanderlei Lona, integrante da diretoria da Senetur, para esclarecer o assunto, mas não obteve resposta. A reportagem também contatou Demétrius Ítalo Franchi, secretário-geral da Câmara Municipal, que teria acompanhado a situação jurídica do imóvel na administração passada, mas ele não soube informar de quanto é a participação da União no imóvel.

 A assessoria de imprensa da prefeitura informou que o Executivo vai checar com os órgãos responsáveis as informações do Viva! Serra Negra

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Salete Silva é jornalista profissional diplomada (ex-Estadão e Gazeta Mercantil) e editora do Viva! Serra Negra




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