//FERNANDO PESCIOTTA// Liberalismo à prova



O Silicon Valley Bank é a segunda maior falência bancária da história dos EUA. Na quinta-feira (9), suas ações começaram a despencar nas bolsas e no dia seguinte o banco quebrou.

Focado no setor de tecnologia, o SVB fez um aporte bilionário em títulos de longo prazo no final da década passada, quando o “mercado” exaltava o setor, apostava na revolução da inteligência artificial e achava que quem não investisse em tecnologia morreria de velhice precoce.

Com a crise que atinge as gigantes de tecnologia, os títulos adquiridos pelo SVB por US$ 91 bilhões hoje não valem nem US$ 15 bilhões e caminham rapidamente para virarem pó.

A derrocada do SVB atingiu em cheio os bancões norte-americanos. Na mesma quinta-feira, JPMorgan Chase, Citigroup, Wells Fargo e BofA, os maiores dos EUA, começaram a cair e em dois dias perderam US$ 52,4 bilhões em valor de mercado.

Foi o suficiente para a maior economia liberal do planeta entrar em ação e exigir socorro do Estado.

Em pleno domingo (12), o Fed, o banco central dos EUA, e o Departamento do Tesouro, o equivalente ao nosso Ministério da Fazenda, anunciaram a disponibilização de financiamento adicional de US$ 175 bilhões para os bancos e demais instituições financeiras garantirem a capacidade de atender seus depositantes.

Os governos da Índia, Israel e Reino Unido, que sediam grande número de empresas de tecnologia, também correm para protegê-las.

Mais uma vez, escancara-se que o liberalismo tem limite, estabelecido pelo interesse do grande capital.

Enquanto empresas menores e trabalhadores estiverem na rua da amargura, incentive-se o capitalismo liberal e a economia de mercado, vacinas contra o "socialismo populista". Mas quando a corda atinge o pescoço de poderosas corporações, o Estado está aí para socorrê-las, com o escrúpulo e a coerência às favas.

Em tempo: A cúpula das Forças Armadas concorda que o envolvimento de militares no roubo das joias supostamente enviadas pela Arábia Saudita é uma vergonha.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com




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