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As marcas da agressão sofrida por Tiago por um bando da extrema-direita amparense |
O supervisor do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Tiago Marcolino Pereira, que foi agredido por bolsonaristas na terça-feira, 1º de novembro, em Amparo, quando vinha trabalhar em Serra Negra, está em sua casa, em Francisco Morato, aguardando providências do Ministério Público.
Tiago não foi apenas vítima de um bando de arruaceiros que estavam bloqueando a rodovia Eng. Constâncio Cintra, na altura da Fazenda Imigrantes, que quase o lincharam - também foi vítima de um delegado de polícia que ordenou a sua prisão em flagrante depois de aceitar a versão dos agressores.
O supervisor do IBGE passou a madrugada de quarta-feira, 2 de novembro, na cadeia de Serra Negra, para onde foi transferido. Na manhã do mesmo dia foi levado para a audiência de custódia no fórum da cidade.
"A juíza, na audiência, disse que eu não poderia ter sido preso, pois faltavam provas para que o delegado ordenasse a minha prisão", disse Tiago, que pretende entrar com um processo contra seus agressores, independentemente das providências que o Ministério Público tomar.
O relato de Tiago sobre a brutal agressão que sofreu é uma síntese do modus operandi da extrema-direita golpista que tenta levar o caos ao Brasil:
"Saímos de Franco da Rocha, eu e minha colega de trabalho, às 6 horas. Perto de Amparo paramos num bloqueio na estrada. Quando viram o logotipo do IBGE no carro, vieram para cima de mim dizendo que o IBGE é do Lula. Tentei conversar com eles, expliquei o nosso trabalho, que o IBGE não tem vínculo partidário, mas não adiantou. Falaram que iam jogar o carro no barranco. Tomei um soco no rosto, percebi que o carro estava cercado e saí desviando dos obstáculos. Eles me perseguiram por cerca de três quilômetros. Já perto de Amparo vi pelo retrovisor um veículo da Guarda Civil Metropolitana. Freei para pedir ajuda, e eles me cercaram novamente - estavam em quatro carros e duas motos. Com os capacetes, quebraram os vidros do meu carro e tentavam agredir nós dois. Quando fui proteger a minha colega, quebraram o meu nariz. Os guardas tiveram de atirar para me salvar."
Tiago foi levado pela GMC para ser socorrido no hospital, onde fez exame de corpo de delito. Em seguida, foi para a delegacia de polícia. Os agressores também foram para lá e acabaram sendo ouvidos antes dele.
"E antes que eu depusesse, os agentes policiais me avisaram que eu seria preso", disse.
E foi o que aconteceu, depois que o delegado Rodrigo Caldeira Sala o ouviu. Eduardo Alex Bernardo Martins de Melo foi quem falou pelo grupo de agressores. Seu depoimento está no Termo de Declarações reproduzido abaixo:
Tiago deve voltar ao trabalho na segunda-feira, 7 de novembro. E deve vir a Serra Negra em um carro diferente, já que aquele em que viajava no dia da agressão foi inutilizado para o serviço. Com 23 anos de idade, Tiago faz vários trabalhos sociais em Francisco Morato - desde os 13 anos ele encarna o palhaço Azeitona. Daqui a três semanas vai se formar psicólogo. É também brigadista, tendo atuado no grande incêndio ocorrido no ano passado no Parque Estadual do Juquery, em Franco da Rocha.
"Puseram uma placa com meu nome lá no parque em agradecimento ao meu trabalho", disse.
Ele agora está à espera de um pronunciamento da direção do IBGE sobre a agressão que sofreu. Enquanto não vem, se contenta com inúmeras manifestações de apoio, inclusive do sindicato nacional dos trabalhadores do IBGE. O título da nota da entidade resume o sentimento de grande parte da sociedade brasileira: "O delírio da extrema direita mata, precisamos parar os golpistas".
A íntegra da nota é a seguinte:
"Servidor do IBGE é espancado durante o trabalho no interior de São Paulo
Em terra de notícias falsas e com a trupe que em tudo acredita, até órgão de Estado que produz estatística oficial é atacado. As marionetes golpistas criadas pela extrema-direita não devem ser tratadas como chacota, embora sejam muito engraçadas por ser claramente um delírio coletivo, elas matam, e quem corre o risco de morrer pelas mãos dos cidadãos de bem, somos nós, trabalhadores.
Os radicais que faziam um bloqueio na rodovia SP-360, na altura do município de Amparo, no interior de São Paulo, atacaram Tiago Marcolino Pereira, servidor do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, quando Tiago ia para o trabalho num veículo oficial do órgão federal, acompanhado de uma outra servidora. O atentado covarde e criminoso ocorreu na manhã de terça-feira, os extremistas causaram uma fratura no nariz, várias lesões pelo corpo e deixaram Tiago completamente lavado em sangue.
Tiago é supervisor do CENSO e estava em serviço, ele somente tentou explicar o que estava fazendo, ao tentar dialogar com os extremistas, ouviu que, como servidor do IBGE, um órgão de estado, ele trabalha para o Lula, e ameaçaram jogar o veículo do barranco. Após ser agredido e precisar fugir de uma perseguição do grupo interventor e extremista, o trabalhador do IBGE acabou preso pela polícia acusado de tentativa de homicídio, sendo que o único ferido foi ele. O servidor fez corpo de delito e tem a prova das agressões sofridas.
O sindicato manifesta repúdio às agressões sofridas, estamos em diálogo com o servidor para auxiliar da melhor forma, solicitando suporte ao IBGE e denunciando. Um atentado contra a vida de um homem durante os trabalhos do CENSO é um atentado contra a democracia e o direito à informação do nosso povo. Toda nossa solidariedade ao Tiago.
NÃO VAMOS NOS CALAR! A ação reacionária causada pela extrema direita deve ser rechaçada e condenada.
Saudações sindicais,
ASSIBGE Sindicato Nacional"
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Carlos Motta é jornalista profissional diplomado (ex-Estadão, Jornal da Tarde e Valor Econômico) e editor do Viva! Serra Negra
Que absurdo! Estamos com vc Tiago!
ResponderExcluirImpressionante a ignorância dessas pessoas. Parabéns pelo texto.
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