//FERNANDO PESCIOTTA// Deflação fake



É sempre bom lembrar que inflação cada um tem a sua. Para cada indivíduo, família ou residência o preço de determinados produtos tem mais ou menos peso.

Os índices de inflação são uma média ponderada da variação de preços, considerando uma cesta de produtos que teoricamente são procurados por determinada parcela da população.

Isso ajuda a explicar por que a deflação indicada pelo IPCA-15 divulgado nesta quarta-feira (24) não diz respeito à realidade na esmagadora maioria dos brasileiros.

O IPCA tem grande peso da gasolina, cujo recuo de preço provocado pelas medidas eleitoreiras forçaram a falsa impressão de que o custo de vida caiu.

Com exceção dos combustíveis, todos os demais itens da cesta que compõem o IPCA continuam com os preços em alta, especialmente os alimentos, o que compromete pesadamente o orçamento dos pobres.

O leite subiu 14% em agosto e acumula alta de 79% em 12 meses. O café está 53% mais caro do que há um ano, conforme o IBGE. No total, 35 itens acumulam variação superior a 10%.

Em agosto, a cebola ficou 56,57% mais cara, o feijão subiu 34% e a farinha, 29%.

A manutenção da alta generalizada de preços leva os analistas à conclusão de que a deflação ainda não é resultado da política monetária do Banco Central, o que significa que os juros vão continuar elevados por muito tempo. Provavelmente, até julho de 2023.

Há agravantes nessa manobra eleitoreira. A queda do preço da gasolina resultará em perda de receita tributária de R$ 86 bilhões no ano que vem, e reduzirá substancialmente os dividendos pagos pela Petrobras à União.

Com US$ 9,7 bilhões no segundo trimestre, a estatal foi a maior pagadora de dividendos do mundo.

Com Bolsonaro, até a deflação oficial é fake news e só serve para sua campanha eleitoral.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com




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