//CIDADE// Para associação comercial, turismo de Serra Negra deve ser associado às compras



A Associação Comercial Industrial e Agrícola de Serra Negra (Acia) considera o comércio um segmento turístico e deseja que a identidade e a vocação turística do município continuem associadas às compras.

“O comércio de Serra Negra é tradicional e tem carregado o turismo da cidade por décadas”, disse o presidente da entidade, Tiago Jardim. O empresário avalia que o comércio é um segmento, não um complemento dos demais setores turísticos.

Ele discorda do secretário municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico, Carlos Tavares, que afirmou na reunião do Conselho Municipal de Turismo (Comtur) de fevereiro, que o comércio não é um segmento. A definição de uma nova identidade turística para a cidade foi um dos temas da reunião. O ecoturismo, o turismo rural e o café foram citados como sugestões para a nova identidade da cidade.

“O mercado enxerga Serra Negra como compra e compra não é segmento. Compra é horizontal em todos os segmentos. Quem vai fazer turismo de aventura faz compras, quem faz turismo cultural faz compras”, disse o secretário.

O principal prêmio concedido ao turismo de Serra Negra em 2021, no entanto, foi o Top Destinos Turísticos na categoria "Compras". Serra Negra concorreu em sete das 16 categorias do prêmio. 

Jardim discorda que o comércio de Serra Negra seja “horizontal” aos demais segmentos turísticos, como afirmou o secretário. “Sou representante do comércio e esse é um olhar equivocado para isso”, disse.

Jardim considera importante investir em segmentos que proporcionem experiências únicas aos turistas, como as rotas do queijo e vinho e do café e a do turismo rural e do ecoturismo. “O turismo de experiência está em alta e Serra Negra tem de voltar seus olhos para a experiência, aproveitando o nosso clima, a natureza e o nosso café”, afirmou.

Entre as rotas de passeios turísticos, ele aponta, tem de estar incluído o turismo de compras. “Dentro do roteiro, do planejamento de turismo, a gente tem de conciliar e colocar o comércio como rota”, afirmou. “A política do Comtur tem de estar voltada para o turismo como um todo e o comércio faz parte do turismo”, explicou.

Jardim explica que um roteiro de compras na cidade tem de ser oferecido aos visitantes como um produto turístico, assim como os pacotes de passeios que estão sendo elaborados pelos empresários dos demais segmentos. 

Jardim sugere ainda que os hotéis incluam roteiros de compras entre os pacotes de passeios turísticos. O empresário explica que a ideia é oferecer uma rota de compras não apenas para o turista adquirir produtos, mas como uma opção de experiência de passeio na cidade.

“A rede hoteleira tem de ver o comércio como um fator, talvez o mais importante, para o nosso turista, porque já há uma tradição de compras. Vamos abandonar a tradição do comércio e dizer que ela não existe mais e que agora somos ecoturismo, rota de café ou de 'adventure' e que o comércio é só um lugar de compras?”, questiona Jardim.

O empresário avalia ainda que a rede hoteleira e o Comtur precisam enxergar o comércio como um atrativo turístico para melhorar o entrosamento entre os empresários dos dois setores. Essa aproximação daria melhores resultados para o turismo da cidade, na sua opinião, do que a simples ampliação do horário de funcionamento das lojas, como já se tentou várias vezes.

“Essa é a melhor conciliação a ser feita. Em outras palavras, é parar de olhar cada um para o seu sem se importar com os demais. Têm de parar de achar que o comércio tem de se adaptar às políticas e aos interesses dos demais”, afirmou. O presidente da Acia informou que já vem realizando ações em parceria com a presidente da Associação Hotéis Restaurantes e Similares de Serra Negra (Ashores), Cibele Dib.

Em relação à declaração do presidente da Câmara Municipal, César Augusto Borboni, o Ney, que mencionou a falta de entrosamento entre os empresários da rede hoteleira e do comércio na sessão da Casa logo após o Carnaval, Jardim disse que a ausência de uma comunicação eficiente entre a Secretaria de Turismo e os empresários do comércio contribui para essa falta de entrosamento no setor.

“A maioria das decisões na esfera pública é tomada sem uma consulta ou comunicação antecipada”, afirmou Jardim, que é integrante do Comtur, mas apenas como suplente, sem direito a voto. “Evidentemente tudo isso se reflete no entrosamento entre os próprios empresários que se sentem abandonados e sozinhos em suas trajetórias”, concluiu.  




Comentários

  1. O comércio de Serra Negra precisa retomar seu antigo perfil, com predominância de produtos diferenciados de origem local, ou seja, sem tentar imitar o comércio de grandes e médios centros (com preços equivalentes aos citados) ou as chamadas "feiras populares", realizadas na cidade de São Paulo, já que, que, para quem procura tal tipo de mercadoria , fica mais fácil (e barato) adquiri-la na própria capital do estado ou em grandes centros mais próximos, como Campinas.
    Se não houver um esforço consciente em busca de uma diferenciação, com base na produção local, com destaque para a manufatura artesanal de roupas e outros itens, as chamadas franquias, oficiais ou clandestinas, dominarão praticamente todos os espaços, nivelando o segmento por baixo. Exemplo disso é o que vem acontencendo de maneira bem agressiva no ramo das farmácias. Sem esquecer que, se o comércio quer e deve atrair mais consumidores de varias faixas econômica, o setor precisa se integrar a preservação e ampliação do turismo no municípo, que é basicamente focado no que ainda resta de preservado na natureza serrana. Sem isso, a bateção de cabeças vai prosseguir e a geração de mais empregos e renda continuará a ser uma miragem no horizonte.

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