//ANÁLISE// Vitória dos medíocres

                                                                                                                                                                                             


Fernando Pesciotta


Há um tipo de ser humano que diante de seu próprio fracasso e mediocridade, em vez de buscar a evolução prefere atazanar a vida alheia e fazer tudo que estiver seu alcance para frustrar as pretensões alheias. É a forma de se sentir inserido.

Esse perfil, não raro no Brasil, foi amplamente explorado nas tradicionais telenovelas durante décadas. Mas nos roteiros da TV, esses “malvados” sempre se davam mal no fim da história.

Com o advento das redes sociais, essas mentes doentias conseguiram se agrupar. Diante do caminho virtuoso daqueles que historicamente viviam à margem do avanço e do status social, os paralisados em sua mediocridade se organizaram para impedir esse descolamento.

Foi assim que o Brasil elegeu quem elegeu em 2018. A alavancagem do messias se deu graças à reunião da ignorância, com a pregação de teses estapafúrdias como a Terra plana, mamadeira de piroca, abaixo a proteção ambiental, fora Lei Rouanet e vamos acabar com o Enem.

Todos os esforços do medíocre são no sentido de evitar a evolução alheia, de forma a mantê-lo em grau de competitividade com seu entorno. A fuga dos debates já evidenciava que ele não seria capaz de manter um nível de civilidade e de diálogo com os diferentes.

Atacar a intelectualidade, zerar o apoio a atividades culturais, impedir a abertura de oportunidades dos menos favorecidos e menosprezar o conhecimento acadêmico integram a estratégia de anular as referências positivas.

Essa talvez seja a explicação mais palpável da terra arrasada em se transformaram diversas áreas do governo, em especial o Ministério da Educação. A ideia é fragilizar a instituição, destruir os mecanismos de transformação social para que ninguém seja melhor do que o medíocre.

Ao perambular no vácuo do salão onde estavam entretidos os líderes globais, sobrou tempo para pensar em como se vingar dessa baixa estima. Ao ver seu maior adversário ser idolatrado em universidades e entre pensadores mundo afora, sente o fogo da inveja subir pelo peito.

Para se fazer entender no universo da mediocridade, recorre a argumentos que estejam ao alcance desses seus semelhantes, como o chamado conservadorismo dos costumes.

Dá uma canseira.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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Comentários

  1. Para a implantação do fascismo, os medíocres e assemelhados são imprescindíveis.

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