//ANÁLISE// Mentiras e deturpações como método

                                                                                                                                                                 

                                                                                                                                                    


Fernando Pesciotta


Parece repetitivo dizer que Bolsonaro não tem nenhum compromisso com a verdade. Mente cotidianamente, sem nenhum pudor. Mas é forçoso apontar suas mentiras, para que elas não se tornem fato, pelo menos para quem tem alguma vergonha na cara.

No teatro de horrores que ele transmite todas as quintas-feiras pelas redes sociais, Bolsonaro defendeu o voto “auditável”, que já existe, e distorceu afirmações sobre hidroxicloroquina, taxa de desemprego e vacinação.

O genocida disse que "se não tiver voto impresso, é sinal de que não vai ter eleição", numa bravata barata com a pretensão de ser ameaçadora.

Qualquer cidadão razoavelmente inteligente sabe que é muito mais fácil fraudar o voto de papel. O Brasil do voto de cabresto tem uma longa história de eleições fraudadas. Para quem administra milícias, fica mais fácil ainda.

O voto eletrônico é auditado por entidades internacionais e conta com boletim por zona e por urna do TSE.

O idiota disse que “a única republiqueta do mundo que aceita isso [o voto eletrônico] acho que é a nossa, que aceita essa porcaria”.

Mentiu. Pelo menos 23 países utilizam votação eletrônica em eleições gerais e 18, em eleições regionais. Canadá, México, Argentina, Rússia, Índia, França e Namíbia são alguns exemplos.

Bolsonaro ironiza e deturpa publicações da imprensa para tentar dirigir uma narrativa que lhe interesse, que sirva de argumento para os fiéis da sua seita repetirem e construírem uma realidade paralela.

Incompetente para resolver um crônico, na sua gestão, problema econômico, o genocida mentiu ao dizer que a questão do desemprego “é a metodologia, terminamos 2020 com mais empregados do que terminamos 2019”.

Na verdade, mesmo que ele tenha mandado o IBGE adulterar as estatísticas, o desemprego foi recorde em 2020, segundo dados da Pnad Contínua.

A taxa média anual de desemprego foi de 13,5%, mais do que os 11,9% de 2019, portanto. Houve recuo de 7,9% da quantidade de trabalhadores com carteira assinada e aumento de 16,1% de desalentados, que são aqueles que desistem de procurar trabalho.

Finalmente, o genocida mentiu quando disse que “ninguém morreu por ter usado hidroxicloroquina”. Dados do Painel de Notificações de Farmacovigilância, mantido pela Anvisa, registram pelo menos dez óbitos após efeitos adversos da cloroquina, além de dois casos registrados como "recuperados com sequelas".

O painel também registra uma disparada nas notificações de efeitos adversos ao medicamento.

Sem nenhuma condição de governar, despreparado e incompetente, só resta a Bolsonaro recorrer às mentiras e deturpações.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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