//ANÁLISE// Outro caso de corrupção

                                                                                                                       

Fernando Pesciotta

O governo Bolsonaro tem a peculiar capacidade de juntar incompetência, nazismo e roubalheira.

Depois do escândalo da mansão de R$ 6 milhões comprada por Flávio Bolsonaro, surge uma gravíssima denúncia: alguém ganhou uma fortuna com informação privilegiada sobre a intervenção de Jair Bolsonaro na Petrobras.

Segundo a denúncia, trazida a público pelo jornal O Globo, enquanto o valor da estatal derretia, alguém vendia 4 milhões de ações.

Essas operações foram consideradas atípicas e sugerem insider trading, como dizem os operadores do mercado financeiro.

Na tarde do dia 18 de fevereiro, Bolsonaro reuniu ministros para tratar do preço dos combustíveis. Foi quando disse que faria uma intervenção na Petrobras e demitiria o presidente da estatal, informação que só se tornaria pública na noite daquela quinta-feira.

Estavam na reunião os ministros Bento Albuquerque, Paulo Guedes, Tarcísio Freitas, Luiz Eduardo Ramos, Braga Netto e Augusto Heleno. A reunião terminou por volta das 17h15. Às 17h35 a Bolsa de Valores de São Paulo passou a observar uma movimentação absolutamente atípica de venda de ações da Petrobras.

Há indicações de que as ações vendidas por R$ 29,27 foram recompradas na segunda-feira seguinte, dia 22, por R$ 25. Uma mesma operadora, a Tullett Prebon, teria feito as vendas e as compras.

A roubalheira pode ter dado lucro de R$ 18 milhões. Não é possível saber quem realizou as operações porque essa informação é protegida por sigilo bancário.

Mas dá para dizer que havia na reunião ministerial uma pessoa que é especialista em mercado de capitais.

Ainda não dá para dizer, também, se a família ganhou junto. Por outro lado, dá para reafirmar que Flávio Bolsonaro não tem renda suficiente para bancar a compra da mansão de R$ 6 milhões.

Flávio Bolsonaro teve empréstimo de R$ 2,5 milhões do Banco de Brasília e pagará mensalidade de R$ 20 mil – ele tem salário de R$ 26,5 mil. O presidente do banco, Paulo Henrique Costa, é cotado para presidir o Banco do Brasil. Entendeu?

Além da roubalheira, a intervenção na Petrobras se junta ao desastre da gestão Bolsonaro para trazer um efeito devastador para a população. O risco país dispara, o custo do dinheiro sobe, assim como o dólar e os juros futuros, trazendo inflação.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com