//ANÁLISE// Bolsonaro perde outra: vacina pode ser obrigatória

                                                                                            


Fernando Pesciotta


No dia em que o Brasil voltou a registrar mais de mil mortes por covid-19 em 24 horas, por dez votos a um o STF impôs autorização de medidas restritivas para quem se recusar a tomar a vacina contra o coronavírus, em mais uma derrota de Jair Bolsonaro.

O Supremo decidiu também que os Estados ficam autorizados a importar a vacina se a Anvisa descumprir o prazo para dar aval à imunização. Desfaz, ao menos em parte, a estratégia do governo de usar a Anvisa para promover a morte de brasileiros.

De qualquer forma, é uma vergonha o Judiciário ser obrigado a tomar uma decisão sobre a aplicação de vacinas. Fato revelador das trevas em que nos metemos.

O assunto é o principal destaque do noticiário e das redes sociais – G1, R7 e DW motivam 170 mil interações no Facebook – desde o final da noite de quinta-feira, 17 de dezembro, e dá novas perspectivas para o combate à pandemia.

A decisão do Supremo deve ampliar a euforia no mercado financeiro, que tem vivido dias de alta das bolsas e queda do dólar por causa do otimismo com a vacina no exterior.

Bolsonaro, claro, não gostou. Artífice do atraso e da ignorância, em sua live semanal disse que o STF se “antecipou” e que a medida pode ser “inócua” porque ele não vai impor nenhuma medida restritiva. Repetiu seu discurso contra a imunização e reafirmou que não vai se vacinar. Azar dele.

Cientistas reunidos no Observatório Covid-19 BR recomendam mais restrições e toque de recolher para conter o avanço dos casos no Brasil. Para eles, o ideal seria fechar o comércio não essencial.

Enquanto isso, o governador João Doria, aprendiz de Bolsonaro, anuncia que as escolas retomarão as aulas presenciais em fevereiro mesmo que o Estado seja obrigado a retornar à fase vermelha.

Despreparado

O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, disse nesta quinta-feira, 17 de dezembro, que o Brasil está na “vanguarda” do planejamento da vacinação contra o covid-19.

O general parece não ter medo do ridículo. Perdido, ele mostra que, além de mentiroso e incompetente, é péssimo marqueteiro. O cargo não passa de uma boquinha.

Em tempo: segundo o dicionário Michaelis, vanguarda quer dizer “linha de frente de uma tropa de combate”. De acordo com o dicionário online, significa “a parte dianteira de uma tropa ou exército”.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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