//ANÁLISE// Violência e a fome matam os brasileiros

                                                 


Fernando Pesciotta


Um estudo produzido por uma rede de pesquisadores mostra que as milícias controlam quase 60% da cidade do Rio de Janeiro. Esses grupos paramilitares achacam os moradores, vendem proteção, roubam e violentam os cidadãos. Em suma, são terroristas.

Para quem não mora no Rio de Janeiro, o assassinato da vereadora Marielle Franco é o exemplo mais visível do que é capaz a milícia.

Jair Bolsonaro tem muito a ver com a existência desses terroristas que exercem poder paralelo. Enquanto deputado, fez diversos elogios a eles na tribuna do Congresso. Ou seja, levou bandidos profissionais para dentro da instituição que deveria zelar pelo cumprimento da lei.

Bolsonaro sempre teve como principal assessor e escudeiro o ex-PM Fabrício Queiroz, que nada mais é do que um miliciano. A convivência de Bolsonaro com a milícia é pública, ele mesmo nunca escondeu isso. Só começou a fazê-lo quando se instalou no Planalto, o que nem ele mesmo esperava que acontecesse.

A revelação do tamanho da milícia surge no mesmo dia da divulgação do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Após queda de 17,7% em 2019, o número de mortes violentas no País cresceu 7,1% no primeiro semestre deste ano, com 25.712 vítimas.

Os números são preocupantes e mostram que o Brasil continua sendo um país violento. De cada dez mortes, oito são de negros, e a cada oito minutos há um estupro.

Bolsonaro tem muito a ver com isso. Ele é talvez o maior incentivador da violência no Brasil. Faz pouco caso da morte, manda todos se armarem, passa pano para ações militares, defende a tortura e debocha das minorias e até dos estupros.

Não à toa, Robinho, o estuprador mais famoso dos últimos dias, traçou paralelos entre ele e Bolsonaro. São iguais quando se referem a questões civilizatórias.

Se não morre vítima da violência, o pobre brasileiro pode morrer de fome. 

Segundo o IBGE, 4,1 milhões de pessoas perderam o emprego desde abril, com agravamento em setembro. São 14 milhões de desempregados, um recorde de 14,4% da população economicamente ativa.

O IBGE também indica que mais de 10 milhões de brasileiros vivem em situação de insegurança alimentar grave.

Essa crise se materializa nas ruas, segundo a BBC. A agência relata que dezenas de pessoas se aglomeram numa fila que dobra o quarteirão no centro de São Paulo em busca de comida.


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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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