//ANÁLISE// Guedes quer impedir ações contra alta de preços

                        


Fernando Pesciotta


O arroz está muito mais caro do que no começo do ano, assim como o feijão, linguiça, hortaliças e óleo de soja. O clube da carestia se torna um pesadelo no orçamento doméstico.

Mas não são apenas os alimentos, com impacto no custo da cesta básica, que estão subindo de preço bem acima do índice de inflação. São crescentes as reclamações contra reajustes de materiais de construção.

Contrariando a orientação do ministro da Economia, Paulo Guedes, o governo promete investigar. Jair Bolsonaro pediu o monitoramento de preços do setor, segundo relatos da imprensa.

Em agosto, o preço do tijolo subiu 9,32% e do cimento, 5,32%. Além do monitoramento sugerido por Bolsonaro, o Planalto pressiona por ações mais efetivas para conter a alta no setor.

Assim como no caso dos alimentos, o preço do material de construção sobe por causa do aumento da demanda provocada pelo auxílio emergencial, de acordo com economistas.

Há relatos de um histórico de correção de preços do setor sempre que há aumento da renda da população mais pobre.

Essa pressão de preços de alimentos e de materiais de construção abre uma nova frente de conflito da equipe econômica com a ala política do Planalto.

Paulo Guedes foi ontem novamente desautorizado por Bolsonaro.

Em defesa de sua agenda liberal e contra a intervenção nas regras de mercado, Guedes mandou um ofício à Senacon questionando a decisão do órgão do Ministério da Justiça de notificar os supermercados.

Horas depois do ofício de Guedes, porém, Bolsonaro disse que partiu dele a autorização para a ação da Senacon.

Alerta

Segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a reforma tributária pode resultar em mudanças na cobrança de impostos para o setor. Calcula que o movimento levará a aumento de 1,8 ponto porcentual no IPCA em 18 meses.

A proposta em tramitação no Congresso prevê a unificação do PIS/Cofins, com a criação da CBS, e vai tributar o agronegócio em 25% sem desoneração de nenhum produto, expõe o Estadão.

Sem benefícios tributários, insumos como sementes e fertilizantes e maquinário vão pressionar os custos do agronegócio, alega a CNA.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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