//NOTAS SERRANAS// O ingênuo apelo dos vereadores aos bancos



Se há uma coisa que não se pode falar dos vereadores serranos é que eles não são bons atores, que não sabem jogar para a plateia. Um exemplo disso é o requerimento de autoria da Câmara Municipal, aprovado por unanimidade - é claro! - pedindo para que Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Santander e Itaú informem "se há possibilidade de serem suspensos, no mínimo pelo prazo de três meses os descontos realizados diretamente na folha de pagamento dos servidores públicos do município de Serra Negra/SP, referentes aos empréstimos, financiamentos e demais dívidas, com a renegociação das dívidas". A justificativa é de que, "devido à pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19) é crítica a atual situação financeira dos servidores públicos do município de Serra Negra/SP". Um pedido desses poderia ser considerado normal se partisse de uma criança de cinco anos de idade, de tão ingênuo que é. Como partiu de homens feitos, cada qual com seu negócio, experientes nas coisas da vida e além de tudo, ocupantes de um importante cargo público, ele pode ser visto como o mais cristalino exemplo de demagogia.



Concha acústica e patins
Em meio à sua costumeira enxurrada de pedidos para tapar buracos e asfaltar ruas, o vereador Renato Pinto Giachetto apresentou, na última sessão da Câmara Municipal, duas indicações ao prefeito Sidney Ferraresso que se destacaram pela  originalidade. Na primeira, pede que o Executivo estude a possibilidade de construir uma concha acústica "em local estratégico da Avenida Laudo Natel", com o objetivo de "fomentar o turismo, realizando atividades culturais, inclusive shows musicais, visando aumentar a vida noturna naquela importante área central do nosso município". Na segunda indicação, ele solicita que o prefeito estude a possibilidade de construir na cidade uma pista de patins para uso de crianças, "uma vez que este esporte é muito praticado e atualmente não há um local exclusivo para a sua prática". É óbvio que os dois pedidos irão para a "cesta seção". Mas valeu a tentativa.



Senhores feudais
As mães, que participaram do último programa Serra Negra na Roda, produzido pela Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari, fizeram uma revelação chocante: muitas delas, que integram um grupo do WhatsApp criado para tentar conseguir kits de alimentação da prefeitura para seus filhos, que não estão tendo aulas, temem se expor publicamente, com medo de represálias. Elas disseram que essa prática, de intimidar as pessoas que reivindicam direitos, é comum na cidade. E, pior, muitas pessoas se submetem a esse tratamento, comum em um passado longínquo. 



Coronavoz
É sempre bom saber em que a prefeitura gasta o nosso suado dinheiro dos impostos. Um exemplo é o dono daquele carrinho que passa pela cidade dando dicas de como a gente deve se portar nesta pandemia. Ele é um veterano e experiente profissional, que recebe R$ 1.500 mensais para percorrer as ruas serranas levando a mensagem pelo alto-falante do seu possante. Deve, por contrato, trabalhar 50 horas por mês, três horas por dia. Recebe, portanto, R$ 30 por hora, R$ 90 por dia de trabalho. Se as pessoas levarem a sério o que ele diz é um dinheiro bem gasto.

Restaurante na represa
A prefeitura parece que se interessou em dotar a cidade de mais um ponto turístico: no dia 16 de setembro, às 10 horas, vai realizar o leilão de concorrência pública para a concessão, a título precário, do imóvel existente no parque represa Santa Lídia, para transformá-lo num bar-restaurante. A represa, um dos locais mais aprazíveis de Serra Negra, teve seu acesso asfaltado, recebeu algumas melhorias, como estacionamento de veículos, cerca e iluminação, mas precisa de mais cuidados para realmente se tornar um cartão postal. O restaurante, se o leilão tiver êxito, será um ótimo reforço para isso. Colocar funcionários para que o local não seja vandalizado também seria uma ótima providência.



Praia serrana
Mesmo sem restaurante ou algum funcionário público para olhar por ela, a represa Santa Lídia está caindo no gosto dos serranos e moradores de cidades vizinhas. No sábado à tarde, parecia uma praia: vários jet skis e barcos cruzavam a água, pescadores tentavam a sorte e animados grupos de jovens bebiam cerveja e ouviam o pancadão altíssimo saindo dos alto-falantes dos carros. Um detalhe interessante: ninguém usava máscara facial de proteção. Mas pensando bem, esse é um detalhe desnecessário, já que todos sabem que Serra Negra é a cidade da saúde e aqui o coronavírus não tem vez.



Prefeito blindado
O vereador Leandro Pinheiro está inconformado com o resultado da votação do requerimento que fez, junto com os colegas Roberto Almeida e Ricardo Fioravante, o Toco, pedindo explicações da prefeitura sobre quanto ela pagou neste ano para a Fênix, responsável pelo transporte público na cidade, e quanto a empresa arrecadou com o serviço. O requerimento foi colocado em votação na última sessão da Câmara Municipal e acabou rejeitado por 6 votos a 3. Pinheiro, Almeida e Toco fazem oposição ao Executivo. Os 8 vereadores restantes, incluindo o presidente da Casa, Wagner Del Buono, que não vota - formam a base de apoio do prefeito Sidney Ferraresso. O situacionista Léo da Ambulância se ausentou da votação. "Precisamos de transparência na administração pública, porque será que rejeitaram o requerimento?", perguntou Pinheiro.

Dinheiro, pra que dinheiro?
As quatro edições de julho do Diário Oficial do Município de Serra Negra custaram aos cofres públicos R$ 6.890. Neste mês de agosto saíram três edições do Diário Oficial, que custaram R$ 6.110. Em três anos, entre 28 de fevereiro de 2017 e 31 de julho de 2020 foram gastos R$ 375 mil com o jornal, que é praticamente invisível para a população. Quem diagrama e imprime o semanário é a Editora e Artes Gráficas O Serrano Ltda. A tiragem de cada edição é de 2 mil exemplares. A prefeitura vive neste ano uma crise fiscal seríssima. A queda na arrecadação está sendo brutal. Será que os poucos leitores do Diário Oficial sabem disso? E será que as autoridades do Executivo serrano já ouviram falar de uma coisa chamada internet? 



É fogo no mato
Os vereadores, situação e oposição, pediram várias informações para o prefeito Sidney Ferraresso sobre as queimadas na cidade. Entre as questões levantadas, perguntam se o Executivo está estudando alguma forma "estratégica e eficaz" para combater os incêndios e queimadas. Querem saber também se a prefeitura mantém parceria com o Corpo de Bombeiros para o combate das queimadas e incêndios e se realizou ou pretende realizar campanhas "visando conscientizar a população em geral sobre os riscos das queimadas e sobre os prejuízos causados ao meio ambiente". Por fim, perguntam o que o Executivo vem fazendo para fiscalizar e "fazer valer as disposições da Lei Municipal nº 3.944, de 21 de junho de 2016, que dispõe sobre a proibição de queimadas no perímetro urbano". A população aguarda ansiosamente as respostas.



Velozes e furiosos
O chamado Trio Esperança, formado pelos oposicionistas Leandro Pinheiro, Roberto Almeida e Ricardo Fioravante, conseguiu aprovar na última sessão da Câmara Municipal um requerimento de informações ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER) sobre que medidas o órgão vai tomar para coibir a perigosa brincadeira dos motociclistas que usam a Rodovia SP-360 no trecho entre Serra Negra e Lindoia como pista de corrida. No ofício, dizem que em alguns casos os pilotos ultrapassam em mais de 200% o limite de velocidade daquela estrada. Em tempos de crise, cumprir a lei, ou seja, multar os infratores pode ajudar a tirar os cofres públicos da penúria e a inibir a ação dessa turma que não respeita a vida.

Comentários