//ANÁLISE// Mercado teme mudança na economia

       


Fernando Pesciotta


Intensificam-se os sinais de preocupação de economistas, investidores, empresários e do mercado financeiro com os sinais emitidos pelo presidente Jair Bolsonaro de uma possível guinada na política econômica. Essa maior tensão voltou a se materializar ontem, quando a Bolsa fechou em queda de 1,73%, voltando a menos de cem mil pontos, e o dólar, em alta de 1,2%.

O temor é de que Bolsonaro gaste mais do que pode e repita o movimento que levou ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Entusiasmado com a alta de sua popularidade e de olho na reeleição, o presidente pode acelerar gastos, adotar uma gestão mais populista e até se fortalecer a ponto de demitir Paulo Guedes.

O ministro da Economia tentou dar uma resposta ainda nesta segunda-feira, 17 de agosto, à reação do mercado financeiro. À noite, disse que o governo vai fazer remanejamento de recursos para criar condições favoráveis aos investimentos públicos sem “furar” o teto de gastos. Dessa forma, Guedes adota um discurso mais convergente com o desejo de assessores do Planalto e do próprio presidente, embora tente colocar uma barreira de segurança e respeito ao teto de gastos.

Além do respeito à meta fiscal, porém, volta à discussão na mídia a qualidade dos gastos públicos. Depois do avanço do orçamento militar em detrimento da educação, em plena pandemia o governo prevê cortar o orçamento da Saúde dos atuais R$ 134,7 bilhões para R$ 127,7 bilhões no ano que vem.

Segundo levantamento nas contas públicas, o governo gastou muito menos na pandemia do que tem anunciado. São R$ 294 bilhões, ante “mais de R$ 1 trilhão” anunciados no dia em que o País registrou cem mil mortes pela Covid-19.

Pedofilia

Há quem observe nas redes sociais o crescimento de manifestações em favor da QAnon. Trata-se de uma teoria da conspiração detalhando um suposto plano secreto para a criação de um “Estado profundo” contra o presidente dos EUA, Donald Trump. Surgiu, portanto, nos EUA, mas tem se espalhado pelo mundo polarizado como rede de pregação de suposto satanismo e pedofilia relacionada a políticos de esquerda.

Observadores e especialistas em redes enxergam nessa bandeira uma nova tendência nas ações de grupos de WhatsApp, nas mídias sociais e em manifestações de rua em favor da pauta bolsonarista.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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