//ANÁLISE// Disputa entre PGR e Lava Jato pode parar no plenário do STF


Fernando Pesciotta

No primeiro dia de trabalho do Judiciário após o recesso de julho, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, revogou a decisão do presidente da corte, Dias Toffoli, de compartilhamento de informações da Lava Jato com a Procuradoria-Geral da República. Agora, Toffoli terá de decidir se leva o caso para o plenário do STF, o que deverá ocorrer, pois a PGR anunciou que vai recorrer da decisão de Fachin.

Conforme destaca a imprensa, o procurador-geral da República, Augusto Aras, já tinha enviado equipes da Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise, ligadas a seu gabinete, para buscar dados da Lava Jato em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.

Levado à manchete da Folha e O Globo, o assunto motivou discussão nas redes sociais. Opositores da operação se manifestaram favoráveis a levar o caso ao plenário do Supremo, num indicativo de que a queda-de-braço entre as PGR e a força-tarefa continuará na pauta. Para alguns analistas, a disputa causa insegurança jurídica.

Parlamentares de esquerda perguntavam, nas redes sociais, quais as razões para os procuradores da Lava Jato temerem tanto a revelação das informações que acumulam. Alguns lembraram que a força-tarefa foi acusada de ter investigado ilegalmente mais de 38 mil pessoas. Há dúvidas também quanto ao conteúdo das negociações que levaram a delações premiadas.

Impeachment

Repercute na imprensa e agita as redes sociais, com mais de 20 mil interações no Twitter nesta manhã, a entrevista do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, no Roda Viva desta segunda-feira, 3 de agosto. Depois de quase cem mil mortos, do negacionismo persistente do presidente, do gabinete do ódio com recursos públicos, Maia afastou a hipótese de abertura de processo de impeachment de Jair Bolsonaro. “Não vejo crime atribuído a ele nos pedidos de impeachment”, justificou. Reforçou que nesse momento de pandemia não há como entrar num processo de afastamento do presidente.

No caso de Dilma Rousseff, disse Maia, havia razões mais claras. “Não me arrependi, votei a favor com muita convicção e tenho essa convicção até hoje”, completou. Nas redes sociais, usuários avaliam que a morte de cem mil brasileiros é menos importante para Maia do que a discutível pedalada de Dilma.

Maia deixou transparecer ter votado em Bolsonaro por causa da agenda econômica de Paulo Guedes e negou ser candidato ao Planalto por reconhecer que lhe falta “carisma”. Indicou dois nomes que pode apoiar: Luiz Henrique Mandetta e Luciano Huck.

Teto de gastos

Com argumentos políticos, como a eleição de 2022 e a rivalidade com governadores, os ministros Tarcísio de Freitas, Rogério Marinho e Luiz Eduardo Ramos tentam convencer o presidente Bolsonaro a ampliar os gastos além do teto. Ao contrário do que defende Paulo Guedes, esses ministros cobram mais obras de infraestrutura para impulsionar a economia e dar popularidade ao presidente, relata o Valor. Ou seja, passados cinco meses da crise trazida pela Covid-19, os ministros militares retomam a tentativa de impor uma agenda proativa de investimentos, o que pode realimentar o embate público com a área econômica.

Socorro

Também por causa da popularidade do presidente, especialmente após sua investida no Nordeste, o governo pode prorrogar o pagamento do auxílio emergencial até o final do ano. A partir de setembro, porém, ele seria de R$ 200. A informação é do G1 e do Valor.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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