//EDUCAÇÃO// Pais divergem sobre uso de apostilas na escola

Novas apostilas custaram R$ 300 mil para a prefeitura

Salete Silva

A rede de ensino do município de Serra Negra trocou o material didático usado em sala de aula e contratou por R$ 300 mil o sistema de ensino Name, desenvolvido para escolas públicas em parceria com a Pearson, multinacional britânica líder mundial em educação e edição de livros.

As apostilas gratuitas significam economia para as famílias e enchem os olhos dos pais pela qualidade do material distribuído a 1.730 alunos da rede municipal.

Mas seu uso como ferramenta de ensino divide a opinião entre eles sobre o impacto do material pedagógico na aprendizagem e sua importância para a alfabetização das crianças.


Jennifer e o pequeno
Renan: apostilas ajudam 
“As atividades da apostila ajudaram meu filho a aprender a escrever seu nome”, diz Jennifer Alvani, mãe de Renan Lucca, de 4 anos, aluno do Pré I, na Escola Municipal de Ensino Básico (EMEB) Professora Maria de Lourdes Pinheiro Taborda, localizada no bairro dos Macacos.

Jennifer ainda não conheceu as novas apostilas do sistema Name (Núcleo de Apoio a Municípios e Estados), mas o material didático usado até agora pelas escolas municipais, na sua opinião, é de boa qualidade.

Para Jennifer, as apostilas complementam o trabalho em sala de aula. Suas expectativas em relação ao material adquirido da Pearson são positivas.

“As crianças vão receber o material e pelo que falaram ele dará continuidade ao trabalho que já vem sendo realizado”, conclui.

Para Marina Lopes, mãe de Aghata, sete anos, as apostilas são importantes, mas o trabalho desenvolvido em sala de aula é o que faz a diferença na aprendizagem.

Sua filha estudou durante todo o período da pré-escola e primeiro ano do ensino fundamental na rede municipal de Serra Negra. Passou pelo EMEB Albino Brunhara, no centro, e o EMEB Professora Alzira Palma e Silva, no bairro São Luiz.


Agatha e sua mãe, Marina:
dificuldade com o material didático
Cursando atualmente o segundo ano do ensino fundamental, a menina este ano estuda na Escola Estadual Lourenço Franco de Oliveira, no centro da cidade.

“Nem sempre nós, pais, compreendemos o conteúdo e o objetivo das atividades das apostilas”, diz Marina.

Sua filha tem dificuldade de acompanhar as lições do material didático e precisa de ajuda da mãe para realizar as tarefas. “Tento ajudar, mas sinto dificuldade também”, diz Marina.

Apesar da mudança de material na rede municipal de ensino, o trabalho do professor em sala de aula e o uso do método fônico na alfabetização serão mantidos como estratégias nas escolas de ensino básico de Serra Negra, informa a assessoria de imprensa da prefeitura municipal.

“Sabemos que nessa idade a interação, as brincadeiras, devem ser evidenciadas. É importante a experimentação e o enxergar com os olhos”, diz a especialista pedagógica da Pearson, Cristiane Cunha.

Na faixa etária da rede municipal, o material físico, segundo a especialista, é apenas um produto final. O diferencial está no trabalho do professor, na vivência em sala de aula.

A coordenadora do sistema Name fará visitas periódicas às escolas e capacitações em momentos de estudos com os professores, informa a assessoria de imprensa.

O método fônico será trabalhado ao mesmo tempo com o novo material. Método fônico é uma forma de alfabetização que ensina primeiro os sons de cada letra e depois utiliza a mistura desses sons para construir a pronúncia completa das palavras.

É um método que divide a opinião dos especialistas. Uma parcela deles defende a não imposição de apenas uma ferramenta para promover a alfabetização e enfatiza a importância de outros instrumentos, o que tem sido adotado na rede de ensino de Serra Negra, segundo a Secretaria Municipal de Educação.

“Acredito que vamos dar continuidade na qualidade do sistema de ensino que já tínhamos avançado. É uma empresa que se mostra comprometida e com responsabilidade com a educação”, diz a secretária Rita Pinton, em relação ao sistema Name.

A Pearson foi escolhida por meio de processo licitatório iniciado assim que o Sistema Maxi de Ensino, utilizado na rede há mais de uma década, anunciou que deixaria de atender os municípios em setembro de 2019.

O primeiro ano de uso do novo material pelos alunos, que retornaram às aulas dia 10 de fevereiro será de adaptação.

Apesar de parecidos, os materiais do sistema Name são diferentes dos que os alunos da rede municipal estavam acostumados.

Além de seguir a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que define as aprendizagens que todos os alunos do Brasil devem desenvolver em cada etapa da educação básica, uma das prioridades da Secretaria de Educação do município este ano será estudar o currículo paulista e construir um currículo de ensino para o município, informa a assessoria de imprensa.



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