//CRÔNICA// Oba, nosso trânsito está igual a SP!


Carlos Motta


Saí de carro nesta sexta-feira, 19 de julho, andei uns poucos quilômetros e tive a impressão de que havia entrado numa máquina do tempo, tipo aquela dos filmes de ficção científica, e voltado aos meus anos de morador da capital, quando o meu humor oscilava entre a fúria mais destruidora e a completa indignação pela existência do ser humano.

Nunca fui um motorista audaz, ou mesmo amante da velocidade. Procuro cumprir as leis de trânsito, e até que tenho me saído bem - nunca causei um acidente e, naqueles em que me envolvi, fui a vítima. O último deles foi aqui mesmo em Serra Negra: parei num cruzamento, respeitando a sinalização, e pimba!, um Corcel velhíssimo afundou o para-choques do meu possante.

Coisas da vida. O motorista do Corcel confessou que estava distraído, ou melhor, disse ter pensado que eu não iria parar. "Mas tem um sinal de 'Pare' aqui", argumentei. Ele então ficou quieto...

De lá para cá, nada de mais grave aconteceu comigo no tráfego serrano que, normalmente, se mantém nos limites da civilidade. Claro que há imprudentes, descuidados, pessoas sem educação e sem a menor noção do Código de Trânsito Brasileiro soltos por aí, arriscando a sorte para escapar de uma colisão frontal, um atropelamento ou um engavetamento.

Mas tudo bem. Idiotas existem em qualquer lugar, por que não nesta verde e pacata cidade?

O frio, porém, tem trazido milhares de visitantes, e com eles os mais execráveis hábitos de motoristas de locais onde  o trânsito, na menor das hipóteses, é problemático. E com eles, o risco de se trafegar pelas ruas centrais se multiplica. 

O rápido passeio que dei nesta sexta-feira foi exemplar: era só andar uns 100 metros para ver algum motorista cometer uma barbaridade passível de multa pesada e vários pontos perdidos na Carteira Nacional de Habilitação.

Ora, se há muito mais maus motoristas na cidade, se há muito mais carros circulando pelas estreitas ruas centrais, se há muito mais pedestres atravessando essas ruas, é mais que lícito perguntar onde está a fiscalização para coibir os abusos, as temeridades e as imprudências?

Pode ser que meus olhos não sejam mais o que eram, mas não vi um mísero guardinha, nenhum agente de trânsito, ninguém, para fiscalizar ou, ao menos, intimidar essa horda de hunos que toma conta das ruas serranas neste inverno.

Acho incrível que as autoridades locais se omitam numa questão de tal importância, que envolve a segurança de moradores e visitantes.

Será que não há, entre os valorosos policiais militares e guardas municipais, alguns poucos homens capazes de ficar encarregados de fazer os motoristas entenderem que não estão circulando nas ruas e avenidas de São Paulo, Campinas, Santos, Jundiaí... e que esta é uma cidade onde eles, supostamente, vieram para relaxar e desestressar?

Eu, que fugi de São Paulo, me sinto nestes dias de volta a ela, com tudo o que de ruim o seu trânsito causa no organismo humano. E na minha idade isso é preocupante...

Comentários

  1. Imagina, então, encontrar uma vaga para estacionar. Se nos dias ditos "normais" já é uma odisseia, em fins de semana e temporadas...

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